Pesquisar este blog

domingo, 20 de junho de 2010

Sobre Daniel Freitas e Leo Verão

Tem uns dois dias já que eu ouço as músicas que eles disponibilizaram no site da dupla. Ao ouvir open your eyes e "você de volta", juntas, na sequencia, pensei sobre o encontro do tradicional com o moderno, ou na chegada da modernidade tardia na América Latina, como discute CANCLINI. Então pensei: o Leo Verão representa o moderno (que na verdade deveria ser pós-moderno já) e o Daniel representa o "tradicional" (uma vez que ele vive há muito tempo ai em Dourados e é bastante conhecido). O Leo Verão canta em inglês músicas que fazem sucesso no cenário pop; o Daniel canta músicas em português que fazem sucesso no cenário sertanejo. Leo é jovem, descolado - o que direciona para um público; Daniel é mais velho, representa outra geração, mas também se apresenta cool, sendo que ambas representações, juntas, o torna midiático. Eles encontraram um jeito agradável de amenizar os conflitos entre o tradicional e o moderno (que estamos ainda vivendo, e simultaneamente sendo bombardeados pela pós-modernidade e seu outro ritmo - mais rápido, muito mais rápido, em tudo). O ouvinte fica no 50x50%. É o descolado e cool do lugar. Isso conforta! Mas a velocidade com que as coisas acontecem torna o conforto desconfortável; e a Lady Gaga? Fiuk? Mariana Aydar? Roberta Sá? Maria Gadú? E o Luan Santana geeeente? tem que ter tempo e ouvido para todos; muito complicado. Além disse temos que trabalhar, comer, dormir, sair, paquerar, transar... muita coisa (e nem sempre dá pra inter-relacioná-las). Então é mais fácil, nesse caso, musicalmente falando, com recorte para este estilo, curtir as músicas misturadas como o Daniel e o Leo fazem. Digo mais fácil para a cidade, não extamente para mim. E é por isso que acredito que eles fazem sucesso. Ainda mais depois que li e reli o site deles e vi que a maioria das cidades em que eles estão "bombando" são cidades do interior dos Estados brasileiros, com excessão de Campo Grande (nesse caso a cidade é capital, mas o Estado é considerado interior do país).
Em outras palavras isso pode significar que CANCLINI está atualizado, se a modernidade chegou tardiamente na AL (América Latina), a pós-modernidade igualmente chegará. Por que se ela existe no interior ela está tão pulverizada que é quase imperceptível.
E, enquanro isso vamos resolvendo nossos conflitos assim mesmo, as vezes assado, as vezes cru!

Reflexões sobre a Capital

Cheguei quarta-feira (16/06) aqui em Campo Grande. Eram muitas as expectativas; mas como eu disse pelo Orkut "a tripulação não colocou as portas em automático"... Despois disse, com é comum aqui no Mato Grosso do Sul, hibernei! No segundo dia de baixo metabolismo, me dei conta de que quando estou no interior me entedio porque quero o que a cidade não pode me oferecer: ritmo de cidade grande, movimento, distâncias badalações, muita gente, rolo e confusão; ontem, eu, aqui na capital, dormi! Rs. Não consegui me animar para sair, a impressão que eu tinha é que tudo lá fora era muito rápido, muito dinâmico, "movimento, rolo e confusão". Não foi medo, foi fobia - auhauahua (risada longa). Mas é que é assim, não animeiii. Na verdade foi insegurança; não sei se o rápido que eu queria era esse; e se num ataque cosmopolita eu quisesse mais ainda? Das opções de diversão de ontem nenhuma me agradava... não muito; ficar em casa foi tão mais seguro! Seguro com o carro, seguro com a vida, com o bolso; e ainda com a internet para complementar. Tranquilo, sem risco de acidentes ou chateações. Notaram a semelhança com o atmosfera disponível nas cidades do interior do MS? Se é assim que me sinto seguro, por que resistir tanto quanto ao fato de ficar lá? Será que me é uma condição inerente essa de querer transitar?
Acredito piamente que nossa geração (eu nasci em  1982) vive um ritual de passagem. As vezes chego até a me sentir como um ratinho de laboratório sendo experimentado, testado; me sinto confrontado o tempo todo, parece que há uma necessidade constante algo muito inquietante que ainda não encontrou satisfação. uma vontade de estar aqui, lá ou em qualquer lugar que não seja onde estou. Manoel de Barros tem uma frase boa pra isso: "do lugar onde estou já fui embora". Existe um lugar inquietante? Existe alma, encarnada eu digo, quieta?