Pesquisar este blog

sábado, 5 de julho de 2008

BRADO!

Desde que fiz a opção por permanecer nesta cidade, desde que me formei aqui e passei a estudar a identidade douradense, percebi que Dourados tem uma característica, ela sempre foi palco de encontros e desencontros culturais.
A imprensa, sempre foi um veículo eficiente na narrativa desses momentos, fornecendo para a população, elementos, sobre os quais ela deveria pensar. Então, é justo que a dialética seja exercitada.
Dom Redovino Rizzardo, tem publicado uma série de artigos falando sobre homossexualidade, penso que chegou a hora de falar alguma coisa. As pessoas precisam ser livres pra pensar. Isso é um apelo. Lembra de quando você era criança e interpelava seus pais com um por que? Agora é a mesma coisa.
Redovino Rizzardo, agora se pronunciou sobre a o Projeto de Lei Complementar 122/2006, que pretende tornar a homofobia crime. Ele fala que “corre-se o perigo de violentar a quem pensa e age diferente”. Infelizmente essa é uma situação que já existe, todos os dias milhares de homossexuais são violentados físico e moralmente país afora.
A discussão sobre o projeto deve ir por outro caminho, o da eficácia da Lei Complementar. Parece que a proposta confronta dois direitos garantidos pela Constituição, o da liberdade de expressão e o da promoção do bem de todos, “sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer outras formas de discriminação” - a discriminação por preferência sexual, por exemplo.
A preocupação não deveria ser as “situações constrangedoras para a Igreja”. A igreja há muito tempo está constrangida. Não adianta pedir perdão aos judeus, nem afastar padres pedófilos. O número de adeptos ao catolicismo tem diminuído, significativamente, e ela reage com campanhas voltadas para a juventude.
Daí a necessidade de dogmatizar. Parece que o ranço da inquisição ainda é saboroso, pois o bispo reclama porque padres não poderão mais, nas homilias, CONDENAR a homossexualidade. E eu, que inocentemente acreditava que o julgamento era só no final, e que caberia a Deus tal atitude? Não precisa condenar nada, ninguém tem dúvida sobre o posicionamento da Igreja sobre este assunto.
O questionamento se “a Igreja, como qualquer outra entidade ou organização, poderá ainda estabelecer normas e orientações para seus adeptos?” revela um despotismo, a Igreja ESTABELECE NORMAS, e é complicado, porque ela se baseia nos Evangelhos, que foram escritos há muito tempo. Quando bispo cita o Gênesis, acredito não ser muito eficiente para os que sabem que ele foi escrito durante o exílio da Babilônia, no século VI antes de Cristo, para fornecer aos judeus retirados de Judá por Nabucodonosor II, um passado de pertencimento comum. Uma narrativa contextualizada em sua época, e não muito eficiente para a nossa, quando não tomada como metáfora, para uma origem e uma ordem religiosamente natural.
Além disso, há que se lembrar também, que nem na Roma Antiga ela conseguiu proibir as práticas homossexuais. Senhores poderiam manter relações sexuais com escravos, desde que não fossem passivos.
Os encontros pessoais precisam ser valorizados. As pessoas se encontram e se completam, porque querem, não porque um padre falou. Parece que ele não percebe que muitas pessoas simplesmente não aceitam mais os velhos dogmas católicos. E o que é pior, ele não faz nada pra mudar isso. Pelo contrário, ataca seu próprio rebanho em nome de um Deus assexuado, poxa vida, ele não criou o homem e a mulher a sua imagem e semelhança?
Ademais, os gays são freqüentemente acusados de serem promíscuos, de só pensarem em sexo, mas quem vive enaltecendo os genitais é a Igreja, que só fala do amor entre homem e mulher. Ninguém nunca questionou o amor heterossexual, não há problema algum em sê-lo, mas é preciso aceitar que existem outros amores. Não é uma questão de certo ou errado, isso não importa, os gays acham errado ser hétero, e daí, toma lá da cá? Isso não adianta, é patinar. Se a heterossexualidade é uma condição para ser católico, tudo bem. As pessoas poderão decidir se querem ou não praticar o catolicismo. Mas tem um problema, muitos gays já foram batizados. É o que dá impor um pertencimento religioso ao nascer. E a Igreja, vai continuar constrangida, vendo seus fiéis migrarem para outros credos.
Penso que a sexualidade não é pra ser discutida, e sim vivenciada. Qual orientação sexual seguir compete a cada um decidir. Talvez o PLC 122/2006, não seja tão eficiente como ele se propõe a ser, mas não dá pra temer uma Revolução Gay.

Nenhum comentário:

Postar um comentário