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quinta-feira, 13 de setembro de 2007

a universidade ficou cinza

Há alguns dias fomos surpreendidos nos corredores da UFGD, por uma carta anônima que pedia a atenção dos acadêmicos do curso de História, para algumas considerações acerca do adesivo que está sendo vendido pelo CAHISD.

Num primeiro momento, dei bastante risada, pois parecia genial – alguém havia manifestado sua opinião e, provocado polêmica, que conseqüentemente geraria uma discussão. Mas, ao reler o texto, questionei-me sobre alguns pontos, talvez umas idéias fora do lugar, ou não – parafraseando Caê, onde tudo é relativo.

Mas de qualquer forma eu gostaria de dividir alguns desses questionamentos com vocês:

Nosso “companheiro”, afirma que a teoria (Evolucionismo Social) é profundamente etnocentrista e faz pesados julgamentos de valor (...), e critica o adesivo por também sugerir a sobreposição de culturas. Porém, ao escrever: “Nosso C.A. confeccionou um adesivo um tanto interessante para acadêmicos de um Curso de Ciências Humanas e, sobretudo de uma Universidade pública”, ele mesmo sobrepõe um sistema ao outro, no caso, público e privado, dando um grau de responsabilidade a mais para quem utiliza o Ensino Gratuito.

Nos avisa que o desenho do adesivo possui relação com o Evolucionismo Social, mas que ele não pode dizer que, essa foi à intenção de nossos representantes, e ainda lembra que seria melhor evitar o risco de algumas leituras equivocadas que o desenho pode e vai provocar. Observem aqui, a apropriação da realidade: “leituras equivocadas que o desenho pode e vai provocar”. Pode, pôde, mas daí afirmar que vai, é ter certeza demais, a não ser que o autor seja o executor do tempo, o “mestre dos magos”, ou a personificação da sabedoria, pois, momento depois afirma que, ao comprar o adesivo estaremos “abraçando alguns ideais um tanto que deselegantes e não condizentes para um acadêmico de História”. A pergunta que se faz aqui é: O que seria elegante ou condizente para um acadêmico de História? Talvez, seria elegante e condizente para um acadêmico de História, assinar o texto que escreveu nos fazendo lembrar que a ditadura acabou, e agora não precisamos mais nos esconder, ser anônimos ou usar heterônimo.

Percebemos que num outro momento, o autor se apropria do mito fundador do ocidente cristão, e assume o papel de herói civilizatório. Por três vezes, assim como Pedro foi avisado, ele nos adverte sobre as verdades. A saber: “mas vale saber que seria melhor evitar (...)”, “e fique sabendo VC QUE COMPRAR (...)”, “Bom, o tal adesivo mostra (...)”. O problema é que os argumentos são fracos, e os cristãos não precisam de mais um herói, já possuem Jesus Cristo, cuja figura é muito bem conhecida, ao contrário do autor, que nem sequer o nome nos informou.

E para mim, o pior de todos eles. Não direi que é plágio por que o conteúdo da Wikipédia é público, mas digo que é de bom tom, ao menos citar de onde se tira algumas informações para facilitar a vida do leitor, portanto, corrigindo: www.wikipedia.org.br, foi daqui que saíram as informações do Evolucionismo Social.

Apesar dos pesares, é instigante ver que isso está acontecendo. É interessante ver a discussão aflorar na comunidade acadêmica. Porém, é preciso um pouco mais de cautela ao deferir críticas ao trabalho dos outros. É preciso não tentar sobrepujar ninguém. Ter humildade e coragem. Ter clareza de onde se quer chegar com a discussão. É preciso considerar fatos, elementos, e dar sustentações ao que se diz.

A teoria do Evolucionismo Social existiu sim, e é aceita pela ciência. Vigorou pelo século XIX, e desde meados de 1950, é apenas citada como uma das fases do desenvolvimento do pensamento antropológico, mas é claro que, como qualquer pensamento ainda possui seus adeptos.

Não podemos confundir também, nossos problemas pessoais com os de interesse comum, como o autor parece julgar sua preocupação com o adesivo. NÃO. EU NÃO TIVE A MESMA IMPRESSÃO DO ADESIVO. Talvez, a polêmica e o Evolucionismo Social, atribuído á imagem, exista apenas na cabeça do autor. E também me recuso a acreditar que, em pleno século XXI, alguém ainda utilize os atalhos, de copiar e colar texto, para escrever. Assim fica mais fácil pensar. Não podemos esquecer ainda, de nossa formação positivista, cujos resquícios ainda nos perseguem, e por mais que tentamos superá-los, as imagens, as datas comemorativas, os heróis e os símbolos, permeiam nosso pensamento e nos colocam em xeque diante de idéias postas ao léu. Afinal se até o que é sólido desmancha no ar, imagina o que acontece com o que é efêmero!? Outro problema é que, ao escrevermos não dominamos mais o texto, e embora a experiência seja coletiva a apreensão dos significados é individual.

E, se a AÇÂO política almejada pelo autor, é essa, a de polemizar o aparentemente nem discutível por tanta simplicidade, ou a de valer-se de rancores pessoais por motivos que desconheço, para tentar chamar a atenção dos outros para um problema que só ele acredita que exista, também não! Não quero. Prefiro ficar na OBA OBA, que dá no mesmo, aliás com um pouco mais de diversão, o que não exclui a possibilidade de discutir melhor a sátira, o riso, ou as políticas culturais.

É importante também deixar claro que ainda não conheço o autor do texto, e por isso não estou defendendo nem um, nem o outro, só sei da existência da M.E.R.D.A.

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